caiman.de 12/2014

[art_2] Brasil: O Brasil secando parte 2 (parte 1)
São Paulo e a falta de água
 
O Brasil está secando. O país com a maior reserva de água doce do mundo, que está concentrada principalmente na região norte, está sofrendo como nunca antes. No Sudeste, onde a maioria da população vive, a situação é dramática. Em São Paulo já falta água, e logo poderá faltar também em Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Até na Amazônia aumentam as áreas secas, devido ao desmatamento, que já consumiu cerca de vinte por cento das matas. Outros vinte por cento estão ameaçados por devastação. A natureza está chegando no "tipping point", ponto de virada no qual a natureza perderia sua sustentabilidade, acredita o cientista Antônio Nobre do INPE.



Os problemas na Amazônia tem uma ligação direta com a falta de chuvas no Sul e Sudeste. Normalmente, as nuvens que se formam na Amazônia vão para o Sul, onde se chocam com frentes frias vindo da Argentina. O resultado: chuvas. Mas ultimamente, essa lógica já não funciona mais.

Os reservatórios de água que abastecem os vinte milhões de habitantes da Grande São Paulo se esvaziaram ao longo do ano de 2014. O sistema Cantareira, que abastece cerca de dez milhões de pessoas, está com apenas 9% da sua capacidade. Para tirar a água da Cantareira, foi necessário instalar bombas de água especiais que separam o “volume morto” do lodo.



Mesmo quando chova, como aconteceu durante às últimas semanas, os reservatórios não enchem. Já se corta a água durante a noite, em alguns bairros, e a pressão da água foi diminuída nos tubos, para diminuir o vazamento. Agora se planeja fazer a transposição de águas de um rio em Minas Gerais.

Ainda existe a chance de São Paulo escapar do racionamento, pelo menos durante o verão. Mas se não cair muita chuva agora, os reservatórios começarão 2015 já com pouca água. Assim, não resistirão nas secas do outono e inverno, entre Abril e Setembro. Ao mesmo tempo, há alternativas que, infelizmente, pouco gente conhece. Há mais de 300 rios enterrados na cidade, em baixo de concreto e asfalto. A cada 200 metros, há um rio em baixo dos seus pês.



E não só rios, há também poços e fontes em toda a cidade. Onde se constrói um prédio, a água jorra com força. Milhões de litros correm pelo asfalto, sem serem usados. Que desperdiço. Só agora que a água começa a faltar, as pessoas enxergam que estão jogando muita riqueza pelo ralo. Vão aprender algo com isso, Paulistanos?

Texto + Fotos: Thomas Milz

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