caiman.de 02/2005
[art_1] Brasil: Senhor Claude revisited - De volta à Ilha Grande
Já de longe noto que alguma coisa está errada: o chapéu está diferente! Durante 44 anos no Brasil, aquele chapéu furado nunca deixou de acompanhá-lo, mas agora, no quadragésimo quinto ano, foi, de repente, substituído por um novo, de cor azul. Enquanto Pom-Pom está prazerosamente deitado na areia em frente da ‘Pousada Mara e Claude’, seu dono fica no portão da casa, fumando. "O Pom-Pom ficou muito famoso, depois que você colocou a foto dele na internet. Às vezes passa alguém gritando ´alô Pom-Pom, como vai você`, e quando pergunto de onde ele conhece o Pom-Pom, fala que o viu na internet."
Dentre outros lugares, destaca-se a Ilha Grande. A matéria também fala da Pousada de forma generosa. "Ao invés de ficar bobo olhando para o mar, temos a chance de conhecer muita gente interessante? a revista cita Claude. Ele sorri. "Foram muito gentis, os portugueses. Mas nada de navegador, de marinheiro. No primeiro dia eles colocaram tudo num pequeno barco, equipamento, câmera, tudo, tudo, tudinho. E na saída da praia eles jogaram o barco nas pedras. Sabe, olhando para trás, ao invés de prestar atenção ao que acontece na frente. Não viram aquela ilha em frente da praia. A mulher voltou gritando ´naufragamos!` - Isso é uma nação de navegantes?"
Entre março e julho, a vida na ilha se torna mais tranqüila, assim como de agosto até novembro. Já se sabe no Brasil e no exterior que a ilha conta com uma das mais belas praias do país, cartões-postais de águas azul-esverdeadas, uma densa vegetação, cachoeiras de águas geladas, e tudo isso sem nenhum carro na ilha. E a Vila de Abraão conta com vários restaurantes de primeira, lugares excelentes para comer um peixe delicioso ou saborear um drinque. Assim também estamos nós na praia, em frente da Pousada. Depois da obrigatória garrafa de Caipirinha de Maracujá, que Claude prepara para comemorar o pôr-do-sol com seus hóspedes, nós continuamos no restaurante vizinho. "Se a coisa continuar assim, vou virar alcoólatra," o setentão reclama baixinho.
Até que ele se cansa e , com sua cerveja na mão, acaba pedindo em português uma panela enorme cheia de frutos-do-mar: "Falei bonito e já falei bastante, agora chega. Vocês vão gostar da comida. Basta..." E assim acaba a história. Mais tarde, o ex-fabricante de pastetas e salsichas fancesas, nascido no sul da França, mostra seu lado autocrítico: "Todo mundo só quer curtir uma comida legal. Tanto faz como o peixe se chama ou se a receita é do Rio ou de Salvador. Menos os franceses, que sempre têm que transformar a comida em um pedaço de arte. Enchem o saco de todo mundo inventando novos tipos de vinho e queijo todos os dias. Insuportável!" Ele acende um cigarro e inala o fumo com muito prazer.
Mas ela não entende porra nenhuma de marketing...!" Ele fuma, inalando pensativamente. "Faz anos que não visto mais outra coisa a não ser short e chapéu. No dia de São Nicolau quis deixar meus sapatos na porta da casa, para que eles fossem enchidos de presentes, mas acabei descobrindo que não tenho mais nem um par de sapatos. Assim é a vida." Texto + Fotos: Thomas Milz A Ilha Grande localiza-se no litoral fluminense. Há partidas de barcos:
Para maiores informações entre no site www.ilhagrande.org. Texto + Fotos: Thomas Milz [print version] / [arquivo] |