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Brasil: Sociedade 7 a 1
O Brasil pós-Copa
Poderia ter sido 8 a 0, mas Mesut Özil, ao invés de passar a bola para o livre livre livre André Schürrle, decidiu, aos 44 minutos do segundo tempo, tentar a própria sorte. Deu bola pra fora. Segundos depois, Marcelo acha Oscar que é mais rápido que Mertesacker e Boateng juntos e faz o gol da honra. Fim, 7 a 1.
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Desde então, 7 a 1 virou uma metáfora para tudo que dá errado. Temos que admitir que tal placar, ao contrário do possível 8 a 0, tem uma estética interessante: o sete se parece com um "um" caído, ou, melhor, inclinado por 45 graus para a direita. Parece pouca coisa, mas faz toda a diferencia, como a gente sabe.
Pois desde aquele dia 8 de Julho, nada é como era antes no Brasil. E, ao mesmo tempo, tudo continua como antes. Depois do fracasso colossal que se desenrolou no Mineirão em BH, tudo mundo concordava: está tudo errado. O futebol brasileiro, que vivia só do glorioso passado, agora precisava de reformas profundas a lá Alemanha. Seguindo tal pensamento, melhor mudar tudo de vez, já que na verdade no Brasil tudo está errado. |
Penso que só no "País do Futebol" uma única partida (perdida) pode sacudir uma sociedade de tal tamanho, e tão profundamente. Na saúde, na educação, na bolsa de ações, na economia - de repente, o Brasil tomava de sete a um em tudo. "2014, o ano em que pagamos o mico" titulou uma revista. Que fase, hein?
Claro que no meio deste mau-humor constante não tinha clima para fazer reformas; pelo contrário, as coisas andam como sempre. Publicaram nas redes sociais que a palavra do ano foi "Gol da Alemanha". E para começar 2015 com o pé direito, trocaram o gramado do Mineirão. Precisaram de setenta e cinco caminhões para transportar o verde para o lixão, e cinco deles logo jogaram a grama no meio da rua na Pampulha.
Me pergunto porque não cortaram a grama em pedaços e as venderam para os alemães? Assim, aquele 7 a 1 teria servido para algo, pelo menos.
Texto + Fotos: Thomas Milz
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