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rasil: Caixa Colorida do Skank

No seu novo disco "Cosmotron", o sexto trabalho de estúdio nos últimos dez anos e que chegou poucos dias atrás nas lojas de discos no Brasil, a banda mineira "Skank" e seus quatro membros visitaram o "Swinging London" dos anos sessenta. Já a primeira música "Supernova" mostra a direção: aquilo que parece uma mistura de "Tomorrow never knows" da obra-prima "Revolver", lançada em 1966 pelos Beatles, e "2000 light years from home" do disco de 1967 "Their Satanic Majesties Request" dos Rolling Stones, é apenas o começo de inúmeras citações. Até o design do disco lembra os bons e velhos tempos.


A capa da frente é uma síntese de duas capas famosas dos Beatles: "With the Beatles" de 1963 e "Rubber Soul" de 1965. E a foto da banda no verso parece aquela cena no primeiro filme dos Beatles, "A hard day`s night", em que os quatro cantam numa gravação de TV. Até os velhos amplificadores da marca "Vox" que Paul McCartney ainda usa nos seus concertos, o Skank usa na foto. Mas Skank não se deixa prender nos anos sessenta. "Nômade" lembra colaboração de Sting com música norte-africana no disco "Brand new day".

Assim como também o motivo final, tocado por um piano, que virou nos últimos anos uma marca típica do ex-cantor da banda "The Police". Sem esquecer que Skank gravou uma versão em português da música "Wrapped around your finger" para o álbum "Outlandos D`Americas", homenagem latino-americana à "The Police". A música se encontra também no disco "Skank MTV ao vivo", lançado em 2001.

Parece que Skank usa as citações para colocar a gente numa pista errada. Assim "Os ofendidos" começa num som tipicamente no "Motown-Sound", para depois cair num inferno de som metálico, de guitarras explodindo. E a próxima música, "É tarde", lembra um péssimo "Elvis-karaokê-a-bordo-de-um-cruzeiro-nos-mares-do-sul", remixado numa lata de salsicha alemã.

Mas há momentos melhores. Com "Dois Rios", os músicos conseguiram mais uma balada dor-de-cotovelho tipo "Balada do amor imbalável" de "Maquinarama", de 2000, pronta para ser tocada na novela das oito. E a forte "Vou deixar", com toda sua energia e felicidade, bate na nossa porta como, uns anos atrás, "Shiny happy people", a colaboração entre REM e os B 52s.

Sem dúvida, Samuel Rosa ainda é uma das grandes vozes da música brasileira. Ele já mostrou isso nas suas diversas participações e outros discos, como a com 14 Bis ("Bola de meia, bola de gude") e a com Daniela Mercury ("Minas com Bahia"). Mas desta vez, suas composições são "trabalhadas" demais, sem aquela leveza que marcou os primeiros discos da banda. Mas talvez "Cosmotron" precise de mais tempo para se abrir, para ser conquistado, bem como o antecedor "Maquinarama".

Impressionante como Skank mudou nos últimos discos, como eles conseguem usar vários estilos desde o Reggae-Ska dos primeiros discos até os ataques de metal de "Maquinarama". Mas eles devem tomar cuidado para não perderem completamente a direção e se tornarem insignificantes.

Os fãs, que já sofreram com as mudanças no "Maquinarama", vão engolir o novo disco? Ou vão comprar os originais? Vamos ver!

Texto + Fotos: Thomas Milz print version


Skank Discography

Skank (1993)

Com um som catastrófico, uma produção semi-profissional, o primeiro disco parece bem tímido. Mas músicas como "Salto no asfalto" e "In(dig)Nação" já mostram a classe do Skank. E "Cadê o Pênalti" de Jorge Ben é o antecessor do brilhante "É uma partida de futebol" de 1996. O resto: pouco aconselhável.

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Calango (1994)

Desta vez, o som é brilhante. Skank apresenta clássicos como "Jackie Tequila", "Pacato Cidadão" e "É proibido fumar". Com "Te ver" o disco traz o primeiro "big hit" da banda. Mais uma dica: "Estivador".


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O Samba Poconé (1996)

Esse disco se transformou num enorme sucesso. Não só nacional como também internacional. "Garota Nacional" detonou como uma bomba no mundo espanhol. E o vídeo de "É uma partida de futebol", gravado com milhares de fãs no Mineirão de Belo Horizonte, estabeleceu a imagem da banda como loucos por futebol (os corações dos membros da banda são divididos, desesperadamente, entre Atlético e Cruzeiro, ambos de Belo Horizonte). O disco, que vendeu feito doido, contou com a participaçõo de Manu Chao e contém, em "Tão seu", uma das mais lindas músicas de amor dos últimos anos. Uma obra-prima!


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Siderado (1998)

Não tão alegre como o antecessor, mas mais forte, mais metálico e com melodias tão marcantes como "Samba Poconé". Três músicas do disco viraram sucessos nas rádios do Brasil: o brit-pop "Resposta", "Siderado" e "Saideira".


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Maquinarama (2000)

O disco das mudanças. Desapareceram os ritmos latino-americanos dos discos anteriores, Skank parece Oasis e cidade grande. Os grandes hinos dominam o disco: "Ela desapareceu", "Canção noturna" e a maravilhosa "Ali". E para as novelas, a dor-de-cotovelho "Balada do amor imbalável".


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MTV ao vivo (2001)

Quando, em 1994, Skank gravou o vídeo para "Te ver" nas ruas de Ouro Preto, eles prometerem gravar, um dia, um disco ao vivo na cidade mineira. E asssim, sete anos depois, voltaram para gravar o DVD e o disco "MTV ao vivo". A única música nova, "Acima do sol", fez sucesso nas rádios, como também a versão portuguesa de "I want you", clássico de Bob Dylan, "Tanto". Um disco forte, com as melhores músicas da banda.


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Cosmotron (2003)

Um disco cheio de citações, mas sem rumo. Talvez com o tempo, o disco vá amadurecendo, e ganhe um caráter, como aconteceu também com os antecessores "Siderado" e "Maquinarama".


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