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caiman.de dezembro, 2001
re - cordis

Recordar: do latim Re-Cordis, tornar a passar pelo coração!

Eu me lembro…eu era uma menina e minha avó uma vez disse: "Crianças são como anjos. Sim, minha querida, você é um anjo.”
E eu perguntei: "Por que Vovó, por que sou eu um anjo? E você o que é então? "

Ela respondeu: "Nós adultos esquecemos como é ser anjo e também de voar, mas não se preocupe, um dia te explico melhor como eu, sua Vovó, aprendeu a voar … foi num sonho que tive …”

Eu me lembro… sou hoje uma mulher – e minha avó já morreu faz anos – não sou mais uma menina… e por isso nenhum anjo, penso cá comigo. Mas se a gente foi um dia anjo, pode ser mesmo que ainda seja…? No fundo nunca esqueci das asas do meu desejo de poder voar e viajar…

Eu me lembro… foi um sonho tão real, era noite, uma maravilhosa noite estrelada de verão. E neste sonho voei… senti o chão sob meus pés e de repente fui surpreendida pelo vento, fui subindo alto, mais alto, Uauuuu… que delícia, eu posso mesmo voar, sentir-me leve, desprender-me… E então voltar à terra para buscar um novo impulso!

Eu voei sobre esta cidade e lá de cima pude ver as casas, as ruas e sentir o silêncio desta noite. Todos dormiam… melhor assim, pensei, pois nenhum adulto aceitaria que eu, uma mulher grande, pudesse voar. Melhor seria tomar cuidado, porque se alguém me visse, poderia se assustar ou poderia acontecer de eu mesma não mais acreditar que pudesse voar.

Ninguém me viu e eu segui minha viagem até que, em uma das casas, vi uma luz e curiosa resolvi olhar para dentro. Nesta tentativa bati na veneziana e… agora sim, se acaba meu sonho! Alguém se aproxima… melhor desaparecer daqui, ai, ai, tarde demais. Eu tentei voar rápido, mas lá estava alguém que me viu voar e disse: "Ah, um anjo…”

Então fui eu que me assustei, a voz era de uma mulher mais velha, era a voz de minha avó!

Despertei e descobri o desejo de asas e a saudade de reecontrar minha avó… Sim Vó querida, hoje tenho 32 anos, sou uma mulher e sei do sonho de poder voar sem precisar sonhar! Tudo está mesmo no nosso coração!!!

Re-Cordis a vida!

Texto: Cristina Poli

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