Panela, porco, banana, manga, cachaça, ovo, galinha, pilha, calcinha, tempero, cabra, cerveja, coca-cola, linguíça, incenso, alface, laranja, sal,cigarro de palha, aipim, amendoim, receita de magia para o amor, receita de magia para o dinheiro, receita de magia para o mau olhado, receita de magia para tudo aquilo que voce ainda nem imagina... aí estamos: na feira de São Joaquim em Salvador!
Você que está viajando prá Bahia e quer conhecer o verdadeiro povo bahiano, vamos a feira.
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Em português feira quer dizer "quase todo dia": segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira... quem terá inventado que todo dia é dia de feira? Deve ser coisa de português (com todo respeito!).
Feira quer dizer também mercado, mas a Feira de São Joaquim nos quer dizer mais, algo mais... Vamos pelo começo. Como toda boa história, melhor com início, meio e fim (acho que seria melhor se tivesse o final que a gente quisesse imaginar... por que não?).
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Ao chegar você pensa estar num labirinto, mas não se preocupe, você não vai se perder, existe sim um Santo chamado Joaquim pra proteger seu começo e seu fim...
Chegamos e entramos por um corredor cheio de gente e coisas penduradas. Gente gritando: olha a banana mais boa e barata! Galinha cacarejando: ai meu Deus, vou sobrar pro Santo! Cachorro uivando: auh, auh...! Eu mesma pensando: Será a vida na feira, ou a feira da vida? Sigamos em frente!
Encontram-se aí todas as especiarias da culinária brasileira, ao vivo e a cores: frutas mais que exóticas a preço de banana, papaya prá dar e vender, peixe vivo e peixe da semana passada, perfume feito em casa, pinga da boa prá curar qualquer ressaca, artesanias feitas a barro e a mão, estátuas de todos os santos prá tudo que é religião, ervas pra curar as dores do corpo e da alma, e muita gente bahiana.
Chegue na hora do almoço, você vai poder viver o sonho desta gente: é a hora da "siesta".
Passando pelas estantes eu vi: uma rede pendurada atrás de muitos cachos de banana, uma gente que sem medo de perder seu tempo esperava seu sono passar sonhando coisas de amor (Viva Chico Buarque: pois eu estava à toa na vida e esta feira me chamou pra ver a vida passar ...).
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Veja que nem cama se precisa: a terra, o chão, uma mesa, uma cadeira, encostar a cabeca e deixar que chegue o sonho. Nem todos estavam dormindo, mas aqueles que dormiam estariam talvez agora mais vivos do que os outros?
Veja você, mais uma pequena história livremente adaptada por mim prá continuar e deixar você imaginar o final da nossa história: Um dia chegou um homem, um turista talvez, e foi passeando por uma feira chamada feira de todo dia, num lugar estrangeiiro.
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Lá encontrou um pescador e viu que este pescador estava em seu barco a dormir. Este homem decide acordá-lo, e entre seu sonho e este chamado os dois conversam.
O estrangeiro pergunta: hey, se você não ficasse aí dormindo, poderia sair prá pescar e poderia ao final do dia ter mais peixes. O pescador responde: já fui pescar hoje.
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O estrangeiro pergunta: mas imagine que se você pescasse mais peixe poderia vendê-los e ter mais dinheiro, e em pouco tempo ter um barco maior e pescar mais e mais peixe, e então contratar outros pescadores prá pescarem pra você, e você teria tanto dinheiro que poderia então só descansar e viver bem...
O pescador responde: o quê voce acha que eu estava fazendo quando você me acordou?
Visite a feira, viaje e veja que todo dia é dia de (sonhar e...) ir à feira!
Texto + Fotos: Cristina Poli
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