caiman.de 10/2002

Em busca da ilha desconhecida

Você acredita que ainda existam ilhas desconhecidas?

( ) Não,então esta viagem nem começa, ou melhor, termina antes de começar.
( ) Sim, então está convidado a fazer esta viagem, mas sem seguro de retorno.

Ano de 1531: Portugueses em alto mar acreditam haver terra além Tejo. Com sua caravela içam velas em direcao ao Oceano Atlântico.

Passam dias, meses, anos (quem sabe ao final de contas a verdadeira história?) em companhia de algumas baleias e milhares de estrelas num céu sem fim.

Nossos marinheiros famintos sem ter mais quase nada para comer senão vento desejam voltar, estar em terra firme, mas seu experiente capitão, depois de viajar muitas viagens e saber que nem voltar não conseguiriam, lhes promete tesouros e muitas mulheres. Assim se convencem em seguir viagem e sobreviver de vinho Português e do sonho da descoberta de uma ilha desconhecida.

Numa bela manhã em alto mar, depois de tomar seu habitual café da manhã consistente em puros 2 litros de vinho, observa um de nossos marinheiros de guarda um ponto escuro ao fundo, pensa estar tendo alucinação, mas entre o sonho e a realidade decide gritar: Ilha à vista, Ilha à vista!

Todos dormiam, não por sono, senão por tanto vinho feito consolo… e não acreditavam escutar mais nada senão seu próprio roncar. Ilha à vista, ilha à vista… homens ao mar, homens ao mar!

Assim encalhamos em nossa viagem, nas proximidades de uma ilha até então desconhecida...

Graças a Deus e à história, lá estava São Paulo, santo protetor dos marinheiros. São Paulo foi antes de ser santo um perseguidor de cristãos. Viajou pelos 7 mares cruzando a Europa até encalhar em Malta, onde depois de tanto vinho e mar se converte cristão e se torna o santo protetor de marinheiros encalhados.

E nossos marinheiros agradecidos ao santo por sobreviverem a tanto céu, vinho e mar batizam esta ilha Morro de São Paulo.

Os nativos desta terra recebem os viajantes de coraçãao aberto por acreditarem serem estes marinheiros Deuses, afinal estes estavam estranhamente vestidos e não pelados, eram tão brancos e estavam a festejar como deuses a descoberta de uma ilha já conhecida. Loucos ou deuses? Boa pergunta!

Dias, meses, anos passam… Os portugueses tornam-se deuses por acaso e nossos nativos tornam-se escravos.

Ano de 2002: os marinheiros já morreram e os mesmos deuses seguem vivos.

Você ainda acredita que a busca da ilha desconhecida vale a pena? Ainda que a história nos revele não haver mais ilhas?

( ) Sim… então abra uma poupanca, passe a vida inteira escravo do destino e não esqueça de comprar uma televisao moderna e virtual.
( ) Não… então ice suas velas e torne-se capitão de sua própria viagem.

Texto: Cristina Poli