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os heróis do brasil

Havaianas, o fio dental dos pés
ou: o chinelo dos brasileiros
Elas são um mito, um culto, bacanas e uma das poucas armas no combate aos pés fedorentos, causados pelo clima tropical em conjunto com os sapatos fechados. E elas são o palco para uma das partes mais eróticas do corpo humano: os pés!

Havaianas significam...
Liberdade (a liberdade da pressão e do desconforto dos sapatos fechados. Liberdade para respirar profundamente, até com os pés),
Flexibilidade (de poder tomar banho sem ter que se descalçar),
Status (pois você nem precisa calçar sapato de luxo),
Principio Económico (com o mínimo "input" de borracha se consegue o máximo conforto),
Exibicionismo (de mostrar o pé sexy)

Me lembro, ainda, de um dito de uma brasileira, cujo nome não lembro mais: "Felicidade é uma calça azul desbotada e um bom par de Havaianas."

Pensando bem, é só um pedaço de borracha, oval e plano, arredondado nas duas pontas, com um lado mais largo do que o outro. E, mais ou menos por ali, há uns buracos, onde são ancoradas as tiras, de formato V, por onde se enfia o pé. Aquela tira elegante combina com a tanga ou o fio dental em cima. Do tamanho infantil de 23/24, até os gigantes 45/46, representam a "mais simples resposta à necessidade de proteger os pés".

Havaianas são as pranchas da vida, com elas se surfa sem compromisso pelo cotidiano, separado só por meio segundo da nudez. Enquanto os mais convencionais, os portadores de sapatos, demoram uma eternidade para tirar sapato e meia, o ‘havaianista’ simplesmente desce da prancha.

Apesar disso, a escolha do tipo de havaiana diz muito sobre o caráter do portador. Quem tem a coragem de vestir os modelos selvagens do tipo "Bamboo", que se apresenta em azul-náutico, carmim, palha e verde-militar? E será que todo mundo me acha um hippie de praia, só porque ando de "Surf", tipo que se encontra em beringela, preto e azul-petróleo?

Mas os verdadeiros fãs juram que existe somente um clássico, a "Havaiana Tradicional", de uma cor só, seja essa azul, amarela, preta, rosa, verde ou chocolate, modelo oferecido em muitas esquinas das cidades litorâneas do Brasil. Bem legal também a versão com palmilha em branco.

Dificilmente pode-se achar um outro sapato com fãs tão fanáticos como os das Havaianas. Mas isso se deve ao fato de que a Havaiana mostra o pé bonito das pessoas, sublinhando as belezas e, assim, atraindo os fetichistas. Lógico que um site de fãs se chama "Fetiche". Aqui se encontram as histórias mais absurdas sobre encontros bem especiais com os chinelos e seus portadores, na maioria do sexo feminino. Há a estória de um rapaz, doidamente apaixonado pelos pés sexy de três colegas do curso de capoeira. Ao roubar as havaianas delas, ele é apanhado pelas meninas e enfrenta a força combativa das Havaianas nas suas nádegas - o que o traz, além das dores, alguns sentimentos eróticos.

Sem falar da outra história sobre o coitado apaixonado que, desesperadamente, começa a mastigar as Havaianas dela, até que a moça, de repente, o vê e eles caem num caso amoroso.

Mas longe de tais aventuras estão pessoas como eu, acostumadas a andar de sapato fechado e pesado pela lama do tempo frio e chuvoso da Europa. Quando essas pessoas chegam numa praia tropical, adoram andar descalço. Como senti a falta de um bom par de Havaianas há algum tempo atrás, andando descalço numa praia. A areia posta em brasas pelo sol ardente do meio-dia e, no caminho para o carro, o estacionamento asfaltado queimou a palma dos meus pés, enquanto o sol fortíssimo fritou o resto do meu corpo.

Quem cresce com havaianas, nunca perderá esse jeito bacana e leve de balançar na onda, de fazer jogo de cintura. Eu, pessoalmente, prefiro os chinelos mais conservadores e quadrados da marca Raider, pois nunca consegui andar numa boa com as Havaianas. Elas se torcem embaixo dos meus pés, escapam de tal maneira que, ao subir ou descer uma escada, tenho que estender meus dedos contra a palmilha, para não cair. E os brasileiros olham para mim, descrentes - este gringo nem consegue andar de chinelo!

"Havaianas, as únicas que não deformam, não têm cheiro e não soltam as tiras." (Propaganda oficial)

Texto + Fotos: Thomas Milz


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