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[art_3] Os heróis do Brasil: Campo de honra
Uma visita ao Campo Bahia

Já vi essa cena várias vezes, mesmo estando pela primeira vez na balsa que liga Santa Cruz Cabrália e Santo André. E o velho que trabalha na balsa e não para de contar piadas, também já vi, em muitas entrevistas. Inúmeras vezes, aquela cena fez parte da cobertura midiática da Seleção Alemã.



A via costeira, que por vinte e cinco quilômetros liga Porto Seguro à Santa Cruz Cabrália, está parcialmente pintada com as cores da Alemanha. Em algumas partes, ainda sobra uma bandeira alemã.

E em Santo André, o vilarejo de 700 habitantes que abrigava o hotel da seleção, o Campo Bahia, ainda se vê sinais da passagem dos campeões. Na entrada do hotel, turistas pedem para entrar, só para tirar umas fotos.



Mas as portas do Campo só se abrem para hóspedes. Para isso, há que pagar por volta de 500 Euros por noite. Assim, terá a garantia de dormir na mesma cama dos campeões alemães.

À noite, o balcão do bar espera os hóspedes. Ainda está como era durante a Copa, coberto de telões que mostram tudo que os astros publicaram nos seus Twitters, em tempo real. Outra opção é ir até a praia, a uma distância de apenas vinte metros do hotel. Aqui, as ondas do Atlântico te dão as boas-vindas.



A praia está vazia, não vejo nenhum Schweinsteiger ou Neuer dando autógrafos para a garotada, nenhum Jogi Löw correndo pelas arreias. Apenas tranquilidade absoluta, pelo menos até meados de dezembro, quando se espera os turistas natalinos. Até o carnaval, está tudo cheio.

Ando pelas ruas do vilarejo. Quando pergunto quais seriam os legados da passagem da Alemanha por aqui, as pessoas me olham de forma esquisita. Ou me levam até o velho campo de futebol, no meio da cidadezinha. Antigamente, todo mundo jogava futebol naquele campo, que era de arreia. Até a chegada dos alemães, que deram um presente à cidade: uma cobertura de grama para o campo.



Não fui uma boa ideia, todo mundo acha. Até hoje, não se pode jogar naquele campo cheio de buracos. A grama foi colocada de forma errada, e agora ninguém mais joga aqui. A equipe local, acostumada a ser campeã da região, não ganha mais nada. E a culpa é dos alemães. Eu fico calado, melhor assim.



E mais: os alemães prometeram ajudar à escola local. Mas até agora, nada foi feito. Vou até a escola para falar com a diretora. 'Ainda estamos elaborando o projeto, que deve começar em janeiro do ano que vem.'

Por onde passo, há uns 'tudo bem?'. Respondo igual, 'tudo bem'. Nos somos os Campeões do Mundo, pelo menos até 2018. E Santo André para sempre será o lugar onde os campeões se preparavam para a primeira conquista do título mundial nas Américas por um time europeu. Nada mal



Há uma meia hora estou boiando no mar. Dedinhos para cima. O litoral ocupa minha visão, lindo demais. Hoje é o dia da estreia do 'Die Mannschaft', documentário que conta as histórias dos jogadores alemães no Brasil. Inverno na Alemanha. Quem estiver pegando fila para ver o filme, deve estar congelando. Bom, fazer o que? Vou mergulhar mais um pouquinho. Relaxar e gozar.

Texto + Fotos: Thomas Milz

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