[art_4] Brasil: Live Earth na Copacabana - Lenny pegando onda

Quatro horas da tarde, o sol começa a se pôr. Como sempre, num sábado ensolarado a praia está repleta de admiradores do sol, veneradores do mar. De cima, parecem formigas no meio de uma grande bacia de arreia, cercada de um lado pelo mar e, do outro, pelos prédios da longa Avenida Atlântica. Um dia normal, parece.

Só um magnífico palco a dez metros do mar indica que algo está diferente hoje. Telões imensos levam a suspeitar que haverá um programa especial na Copacabana. Quando a apresentadora Xuxa abre o show "Live Earth" neste dia 7 de Julho, as 16h em ponto, muitos cariocas ainda bóiam nas ondas da praia mais famosa do mundo.

[zoom]
[zoom]

É o único show gratuito deste evento global, com eventos em todos os continentes. Querem chamar atenção para a crise do nosso planeta, as mudanças do clima, o aquecimento global. "Trinta graus em pleno inverno - esse negócio de efeito estufa até tem seu lado positivo," opina um banhista. A música vem de graça, Jota Quest anima o público. Mas ainda são poucas pessoas; espera-se até um milhão, mas enquanto o sol ainda lambe a cidade maravilhosa, as pessoas não vêm.

"Talvez 500 mil, nada mais," comentam os jornalistas na área VIP, deserta, em frente ao palco. Mas logo virá mais gente, muito mais, e com elas virão o lixo, as latinhas de cerveja, as garrafas de plástico de água mineral.... "Vamos ver se o show conseguirá conscientizar as pessoas - se a praia estiver limpa depois do show, saberemos que o povo aprendeu algo," diz Mario Moscatelli, ativista ferroz que foi convidado pela organização do evento para mandar uma mensagem para o público. Normalmente Mario recupera os mangues na Baía de Guanabara. Hoje o campo de luta é o palco nas arreias da Copacabana.

[zoom]
[zoom]

O rapper brasileiro Marcelo D2 é o primeiro a levantar a platéia. Depois, o estadunidense Pharrell empolga muito. "Jump, you motherfuckers" ele grita para o público, que não entende e, por isso, não pula. Pharrell se irrita com a distância entre palco e público - no meio, há a imensa área VIP. Está deserta, pois as estrelas e estrelinhas ainda estão beliscando o buffet nos camarotes VIPs atrás do palco. "Traz a platéia para cá," Pharrell pede, mas isso é Brasil, e como sempre, a plebe se esmaga lá atrás, enquanto os filhos do rei brincam na areia da área VIP.

O Rappa e Macy Gray conseguem manter o pique do público lá em cima, e Jorge Ben Jor canta as mesmas músicas de sempre. Enquanto isso, a equipe do "Pânico" aterroriza a área VIP, mas logo, logo estarão indo para a passarela que liga o "Copacabana Palace Hotel" ao palco. Todo mundo está louco para ver Lenny Kravitz chegar.

[zoom]
[zoom]

E quando ele vem, o público vai à loucura. Lenny, mais gordinho do que durante sua última visita ao Brasil, em 2005, e, provavelmente, também mais doido - voa pelo palco. Grita, pula, joga as guitarras para lá e cá, desce do palco para chegar lá atrás onde o verdadeiro público está...

Ele se segura no microfone - será que ele quase caia? Mas Lenny segura a barra, e as 22:30h, depois de 45 minutos, ele deixa o palco. Acabou o show, o povo volta para casa. A noite está agradabilíssima, uma brisa quente vem do mar. Aleluia o aquecimento global!

[zoom]
[zoom]

Os garis começam logo com a limpeza da praia. Tiram toneladas de lixo da areia mais famosa do planeta. Cadê a conscentização tão esperada? "O público estava realmente mais para Ivete Sangalo do que para Gaia," lamenta Mario Moscatelli, o ativista ferroz, no outro dia.

Texto + Fotos: Thomas Milz