ed 05/2012 : caiman.de

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[art_2] Brasil: Garota de Berlim
Nina Hagen em São Paulo?
 
Caminhava eu sozinho A noite olhando para o chão De repente eu vi uma figura Que de longe tocou meu coração...



Qual a probalidade de encontrar Nina Hagen em São Paulo? Com a chuva, a neblina e o frio do inverno paulista, a cidade até parece Berlim num típico dia triste de outubro... Quando, de repente, a voz de Nina me pergunta: "'Hey Punk, wo kommst denn du her? Biste neu hier?" (Hei Punk, de onde você é? Você é novo aqui?)

Me assusto, não sei o que responder. E quando ela diz: "Soll ich Dir Berlin zeigen? Kennste das Risiko?" (Quer que eu te mostre Berlim? Você conhece o risco disso?), me perco por completo.

Meu pensamento volta para os anos 80, quando eu era uma criança que olhava assustado a imagem daquela mulher maquiada ao extremo na televisão da minha casa, na Alemanha. Que medo daquele cabelo vermelho! E daqueles lábios ainda mais vermelhos. E essa boca torta com certeza me engoliria por inteiro, tranquilamente.

"Essa cantora não é da sua terra?" pergunta o motorista de táxi. Acordo.
"Ela era bem louca, não é?"
"Sim, eu teve muito medo dela, quando criança..."
O painel de rádio do táxi indica o nome da banda: Tokyo com Nina Hagen.

Música punk dos anos 80, a antiga banda de Supla, outra figura que me assusta. Encontrei com ele numa festa sombria, talvez dez anos atrás, num bar no centro de São Paulo. Menino rebelde de uma família rica e influente de São Paulo. O Billy Idol brasileiro.

A internet conta que ele e Nina Hagen tivereram um romance, em 1985, quando ela se apresentou no "Rock in Rio", e que esse encontro rendeu a música. O motorista canta junto em voz alta. Mundo louco, penso. Só me faltava essa...

Texto: Thomas Milz

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