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[art_3] Brasil: Rio para Festeiros
Um guia turístico um pouco diferente
 
Poucos vezes um guia turístico causou tanta polêmica como "Rio for Partiers" (Rio para Festeiros). No ano passado, a Justiça Federal proibiu a comercialização do guia, atendendo a um pedido da Embratur que acusou o guia de incentivar o turismo sexual. Não gostaram em nada das classificações que o guia trazia sobre as mulheres cariocas.


O guia, escrito para turistas jovens estrangeiros na faixa de 25 anos, que querem curtir uma semana de pura festa no Rio, dá dicas sobre como enfrentar a mulherada que frequenta as festas da "cidade maravilhosa". E dá opinioes sobre os diversos tipos de mulheres, classificando-las como "filhinhas de papai", também chamadas de "Paris Hilton", que "são lindas, mas podem ser metidas e não dão chance a ninguém." Também aparecem as popozudas, classificadas como "bombas de sexo" que "usam roupas apertadas" e "fazem o possível para ficarem sexy". As hippies e ravers são "divertidas" e "fáceis de se aproximar", segundo o guia, mas "difíceis de beijar". Por último, as balzaquianas que sempre estão querendo "se divertir, dançar e beber".

A ação da Embratur virou notícia no mundo inteiro no começo de 2009. Um ano depois, encontramos o autor do guia, Cristiano Nogueira, na festa de lançamento da 8a edição do guia. Nesta nova edição, o conteúdo polêmico foi retirado e substituido por páginas inteiramente pretas com as seguintes frases: "Content censored by the Brazilian Government. Sorry for the lack of tips. On dating in Rio,we hope you don't run into inter-cultural differences when it comes to meeting Brazilians."


Caiman: Como surgiu a ideia de escrever um guia turístico sobre o Rio?
Cristiano: "Fui na ignorância. Escrever livro hoje em dia é uma furada. Dá muito trabalho e pouco dinheiro. E a chance de você virar o proximo Paulo Coelho é de um em um milhão. Então é melhor fazer qualquer outra coisa com seu tempo. Mas, em 2003, O Rio de Janeiro não tinha um guia turístico bom. Todos os grandes guias internacionais estavam desatualizados, e o Rio não tinha um guia escrito por um brasileiro. Então falei: vou fazer um."

Caiman: Qual fui a repercussão ao lançar a primeira edição em 2003?
Cristiano: "Fui incrivel, fui muito mais do que eu esperava. Os turistas amavam o livro e até a Riotur adorou. E a gente chegou a ganhar premios no exterior."

Caiman: O guia é bem diferente de outros....
Cristiano: "Sim. Primeiro: o guia é bem humorístico. E altamente opiniado. Eu falo que a pizzaria tal é a melhor do Rio de Janeiro. Se tiver chuvendo, você tem de fazer isso e aquilo. Não menciono um milhão de possibilidades, mas quem é o melhor. É uma opinião minha, claro, mas queria um livro para simplificar a vida do turista. Outra coisa: quem compra o livro ganha um monte de cuponzinhos pra ganhar drinques de graça, upgrade num quarto.... quem compra o livro ganha um monte de coisas. Quem compra o livro de 36 Reais, ganha cupons no valor de US$320 em descontos.

E queria fazer um guia altamente visual. Os outros guias oferecem 300 páginas de texto, e você leva três semanas para ler tudo isso. Então fiz um livro que se pode ler em uma hora e meia. Porque? Porque eu escrevi para quem vem para o Rio para curtir festas. Um guia para o mercado jovem na faixa dos 25 anos."

Caiman: De repente, em 2009, chegou aquela polêmica. Que aconteceu?
Cristiano: "A Embratur precisava mostrar para a mídia que está fazendo algo contra o turismo sexual. Eles querem fazer algo, mas são impotentes, nem conseguem fechar um puteiro, prender um cafetão. Eles só podem fazer algo de marketing. Então, escolherem um para cruxificar e assustar os outros. Pegaram meu livro, ainda por cima numa tradução errada, e abriram um processo contra o livro. Eu fiquei sabendo disso através da midia. Saiu em 110 jornais do mundo inteiro que meu guia é "o guia do turismo sexual". Como eles pegaram uma tradução errada de trechos do livro e cometeram erros graves, o processo foi fácil de ganhar.

Mas o dano que sofri foi na mídia. Perdi muitos anunciantes, e se você tira os anunciantes de qualquer mídia, você mata a mídia. Se você quer acabar com qualquer publicaçoes, você tira os anunciantes. É um dano tremendo.

Texto, entrevista e fotos: Thomas Milz

guia em ingles:
http://www.rioforpartiers.com/

guia em espanhol:
http://rioforpartiers.com/ESPANHOL/index-espanhol.htm

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