ed 01/2011 : caiman.de

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[art_1] Brasil: BOPE – Os mosqueteiros do Rio de Janeiro
 
Foi um ano excepcional para a tropa de elite da polícia do Rio de Janeiro, o BOPE. Anteriormente, seus homens foram vistos como bestas que invadem as favelas do Rio de Janeiro, atirando para todos os lados, sem ligar para a população civil, na busca de criminais, drogas e armas. Só para, depois, eles mesmo venderem as mesmas drogas, como diziam alguns cariocas. Tão corruptos quanto o resto da polícia no Rio de Janeiro, só com equipamento melhor e um pouco mais brutal que os restantes. Quando, em 2007, o cineasta brasileiro José Padilha transformou o cotidiano do BOPE em filme, críticos titularam figuras como Capitão Nascimento como fascistas, enquanto a cultura popular as festejou como heróis. Para os caras durões, as coisas começaram a mudar, a partir daí.

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Desde 2008, o BOPE invade uma favela depois da outra, ajudando a criar asUPPs, Unidades da Policia Pacificadora. Quando aparecem nas comunidades, a população os saúda como libertadores. Eles mesmo se enxergam como homens com uma única missão: fazer a coisa certa. Homens de princípios, no meio de um mundo sem regras ou limites, sem escrúpulos. Homens que arriscam suas vidas, verdadeiros mosqueteiros num cenário apocalíptico pós-moderno.

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Em 2010, o hipe do Bope chegou a alturas inimagináveis. Primeiro, as tropas atacaram com "Tropa de Elite 2" e quebraram todos os recordes do cinema brasileiro. Desta vez, o Capitão Nascimento combate os políticos corruptos. "O inimigo agora é outro", como diz o subtítulo da obra. As imagens nas telas de cinema se misturaram com as imagens reais, quando o BOPE invadiu, no final de 2010, uma favela atras da outra, inclusive o "Complexo do Alemão", muitas vezes descrito como o coração e o cérebro do comércio de drogas do Rio de Janeiro. "A realidade superou a ficção", dizem alguns observadores. Verdade! Nenhum cineasta seria capaz de criar imagens como as da fuga dos traficantes da Vila Cruzeiro para o "Complexo", gravadas pelas câmeras de um helicóptero da TV Globo.

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Agora eles são heróis, os caras do BOPE. Tanto no cinema, como na vida real. Salvadores da pátria! Quando perguntaram a José Padilha se vai fazer "Tropa de Elite 3", ele não soube dizer. Provavelmente, ele espera para ver o que a realidade for capaz de tirar do chapéu.

Texto + Fotos: Thomas Milz

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